Os vossos corações
conhecem, no silêncio,
os segredos dos dias e
das noites.
Mas os vossos ouvidos
têm sede de ouvir
finalmente o eco do
saber dos vossos corações.
Gostaríeis de saber
pelo verbo
o que sempre soubeste
pelo pensamento.
Gostaríeis de sentir
com os dedos
o corpo nu dos vossos
sonhos.
E está certo que assim
o queirais.
A fonte oculta da vossa
alma deve necessariamente
jorrar e correr a
murmurar para o mar;
e o tesouro das vossas
profundezas infinitas
revelar-se aos vossos
olhos.
Mas que não haja
balança
que pese o vosso
tesouro desconhecido;
e não procureis
explorar os abismos do vosso saber
com a vara ou com a
sonda,
pois o eu é um mar sem
limites e sem medida.
Não digais: "Encontrei
a verdade",
mas antes: "Encontrei
uma verdade."
Não digais: "Encontrei
o caminho da alma."
Mas antes: "Cruzei-me
com a alma que seguia pelo meu caminho."
Pois a alma percorre
todos os caminhos.
A alma não caminha
sobre uma linha
nem se alonga como uma
vara.
A alma abre-se a si
própria
como se abre um lótus
de inúmeras pétalas.
Khalil Gibran
* * *
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